Aborto

Sexta-feira, dia 31 de madrugada, eu acordei e fui ao banheiro. Notei uma gotinha de sangue no papel higiênico. Foi uma gotinha só, mas eu já senti que estava tudo errado. Acordei meu marido e fiz ele me levar ao pronto socorro.

Chegando lá, o médico de plantão me examinou, disse que o colo estava fechado, e como eu não sentia cólica nenhuma ele disse que estava tudo bem. Mas eu insisti e pedi uma ultra, eu queria ter certeza. Ele fez o encaminhamento, voltamos para casa e de manhã eu fui fazer  o exame.

Eu não conseguia tirar da cabeça um sonho que tive umas semanas antes, no qual eu segurava um bebezinho minusculo, do menor que minha mão, e eu tentava aquecê-lo com uma cobertinha, mas ele estava morrendo e ia secando. Eu quis pensar que era coisa da minha cabeça, tentei nem pensar nisso e nem contei para ninguém esse sonho. Mas eu sentia uma angústia inexplicável no meu coração, e agora parecia ficar ainda mais forte.

E para a minha triste surpresa, meu sexto sentido estava certo o tempo todo. O embrião que eu havia visto e ouvido na primeira ultra não estava mais lá, sumiu. Havia apenas o saco gestacional, maior do que no primeiro exame, mas nada de embrião. O médico que fazia o exame até achou que fosse uma gravidez anembrionária, mas eu tinha certeza que não, mostrei a ele a primeira ultra, os batimentos e tudo ali indicava que havia um embrião de 6 semanas perfeito. 

Eu não consegui chorar na clinica, mas ao sair de lá, liguei para o meu marido e dei a noticia, e nessa hora eu senti meu chão se abrir, chorei como nunca havia chorado antes.

Agora tenho que fazer mais um ultrassom para confirmar o aborto retido, em que não o corpo não expulsa o embrião, e então marcar a curetagem.